7.8.16

Imagens de uma visita de trabalho aos Açores

































31.1.15




Sacudir a água do capote

É tão fácil e ingénuo, e ao mesmo tempo malicioso e destruidor, pôr em grandes parangonas na primeira página de um jornal que “Professores chumbam em exame por erros básicos de português”, ou ouvir o Ministro Crato dizer “Não faz sentido que um professor dê 20 erros ortográficos numa frase”. Estas 2 frases, que não têm mais que sensacionalismo, enfermam dos mesmos problemas: (1) quem realizou a prova não foram Professores, foram candidatos a Professor. (2) Esta pequena nuance ilustra bem o mal que se pode fazer a uma classe inteira, aquela que tem nas mãos a formação da sociedade Portuguesa do futuro. É mais uma machadada no prestígio dos Professores, que se vai reflectir até na sala de aula (onde o Ministro Crato não se atreveria a entrar, e muito menos leccionar), quando o aluno for corrigido por escrever com erros ortográficos, e este se desculpar afirmando que os Professores (todos, como maliciosamente está subjacente à parangona) também escrevem mal. (3) Não se diz na parangona, que é o que vai ficar na memória das pessoas, qual a representatividade daquele problema no universo dos (de facto) Professores Portugueses.
Chama-se a isto manobra de diversão, a qual tem como objectivo desviar a atenção dos verdadeiros culpados para um bode expiatório. Em vez do sensacionalismo, aquele resultado devia levar-nos à reflexão que devia obrigatoriamente ser feita: porque é que os agora candidatos a Professor escrevem da forma que escrevem, tal e qual como a grande maioria das pessoas hoje em dia? Há 2 respostas possíveis para esta questão: (1) os jovens passaram todos a ser “burros” (opção arrogante muito própria de Governante que quer sacudir a água do capote), ou (2) as pessoas hoje têm o mesmo grau de inteligência que tinham os seus antecessores há 50 anos, mas o sistema de Ensino piorou dramaticamente. A resposta óbvia é que estes candidatos a Professor não são “burros”, são apenas o fruto do Ensino que em Portugal prevalece desde há, pelo menos, 30 anos. As parangonas atiram a culpa para cima dos Professores, quando os verdadeiros culpados são os MEs que sucessivamente têm destruído o Ensino em Portugal.
Afirmações gratuitas e destruidoras como esta do chumbo na PACC surgem regularmente nas parangonas dos jornais. São bons exemplos “a geração rasca” e “os jovens deixaram de ler”. A dita “geração rasca” não existe (só existe na mente de uma pessoa arrogante e mal formada), mas existe uma geração “à rasca” para enfrentar o mundo deixado pela geração anterior como herança envenenada. A geração do Ministro Crato, por exemplo. Já dizia Einstein que “a única forma de ensinar é pelo exemplo”, o que nos leva a uma questão fulcral mas sempre convenientemente ignorada: quantos filhos entram em casa e vêem os pais a ler um livro, em vez de estarem colados a um televisor ou a brincar com as ditas novas tecnologias? A resposta a esta questão explica em grande parte porque é que “os jovens deixaram de ler”.
Numa situação tão comum (mas tão instrutiva!) como a de deixar cair e partir um copo, percebe-se logo a diferença entre uma pessoa educada e responsável e ... o oposto: a primeira de imediato assume a responsabilidade e garante a reposição da perda. A irresponsável (infelizmente tão mais comum e reflexo da Educação desde o berço) diz com o maior desplante: “olha, o copo partiu-se!”, atirando desta forma e sem pejo a culpa para um objecto inanimado, o copo. É tão fácil atirar com as culpas para cima de terceiros ... mas não é honesto ... nem que seja para cima de um copo de vidro!
O que todos nós Pais e Professores gostávamos de ver do Ministro Crato era: (1) soluções inteligentes para os graves problemas no Ensino. (2) Mais respeito por uma classe que tem nas suas mãos o futuro de Portugal – as nossas crianças. Infelizmente, vai ser mais um ME que não fez mais do que dar mais uma machadada no Ensino e no prestígio dos Professores. O País “está à rasca” com Governantes destes.
            Texto escrito propositadamente não seguindo o Acordo Ortográfico.

Fernando Ornelas Marques

Professor na FCUL


30.7.14

Viagem através da Cordilheira Canadiana

Sem legendas, porque não tenho nem tempo nem palavras suficientes ...