Vulcões e Sociedade
Quando acontecem catástrofes de proporções significativas, nós, todos nós mas em especial os políticos (a classe que em última instância toma decisões e promulga leis), devíamos ser obrigados a reflectir sobre as causas, a frequência (probabilidade de voltar a acontecer), as consequências imediatas e, sobretudo, as consequências de longo prazo e que afectam as sociedades e o seu modo de funcionamento. Este é o caso do vulcão na Islândia.
Infelizmente, gastamos o nosso precioso tempo a falar de “quando é que isto acaba”, tentando sacar a um Geólogo a resposta mágica que ninguém pode conhecer. Só mesmo quem desconhece por completo a dinâmica interna do nosso planeta é que imagina que haja resposta para aquela pergunta. O que significa que 9 anos de escolaridade obrigatória não foram capazes de formar cidadãos conscientes da natureza do planeta em que vivem e conhecedores da sua grande dinâmica interna. Nem tão pouco das consequências que essa dinâmica interna acarreta para o ser humano e para as suas sociedades. Mais uma vez se mostra na prática a inadequação dos programas de Ciências da Natureza, mas os sucessivos Ministros da Educação teimam na arrogância e nada fazem.
Vamos então ao que importa! Os factos primeiro: (1) a Terra tem como caraterística fundamental uma grande dinâmica interna que é incontornável e indomável; os humanos não podem evitar as catástrofes naturais, não podem controlar a dinâmica interna do planeta (forças inimagináveis para o comum dos mortais – 1x1013 Nm), e a única coisa que podem fazer, no imediato, é tentar mitigar os efeitos. (2) Se, na Escola, em vez de aprendermos História como se fosse uma lista telefónica de nomes e datas, aprendessemos o que foram acontecimentos passados e quais os seus efeitos nas sociedades e na sua evolução, ficaríamos todos a saber o que vai significar no futuro um novo Tambora ou Cracatoa. E eles vão voltar inexoravelmente! Pura e simplesmente o caos nas sociedades ditas modernas. O leitor pode facilmente imaginar o que serão os efeitos de uma nuvem de gases tóxicos e poeiras a cobrir a Terra inteira durante anos (não apenas a Europa do norte e durante meia dúzia de dias). Isto sim acarreta efeitos de muito longo prazo. Portanto, devíamos tomar muito a sério este primeiro e pequeno aviso vindo da Islândia e reflectir.
As Economias cada dia mais sofisticadas e mais ligadas aos serviços tornaram-se extremamente frágeis porque susceptíveis a agentes externos: corrupção e catástrofes naturais. Se alguém acha (especialmente decisores) que os “crashes” bolsistas e crises financeiras nos abalam, então esperem pelo próximo Tambora ou Cracatoa. Não façam prospectiva estratégica e procedam às devidas transformações, e verão o tombo que as sociedades ditas modernas vão levar.
"Those that fail to learn from history, are doomed to repeat it", Winston Churchill
Ilha do Pico, Açores - pôr do sol visto de S. Jorge (Foto de F. Ornelas)
Cones vulcânicos nos Andes (Foto de F. Ornelas)
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