Nascer do sol a caminho de Madrid.
No check-in em Lisboa, pedi à menina que marcasse o meu lugar junto à janela do lado esquerdo do avião, para poder fotografar as famosas Florida keys a partir do ar à chegada. Estes aviões grandes têm 4 lugares na fila do meio e 2 junto das janelas. Adivinhem lá onde a menina marcou o meu lugar ... pois, na fila do meio! Lá se foram as fotos ...
Bom, lá chegámos a Miami ao fim de cerca de 9 horas de viagem. Primeira tormenta: a longa fila dos passaportes. Lá chegou a minha vez, e sou atendido por um sul-americano de gema. Entreguei-lhe a papelada toda (o visto e os impressos que nos deram para preencher no avião). Pôs o visto de lado, deu uma olhada aos impressos, e sentenciou num Espanglês delicioso e rude: estes não são os impressos apropriados para si; vá ali fora e preencha outros. Ao que eu respondi: mas estes são os únicos impressos que nos dão no avião. Com ar de mau, virou-se para mim e disse, agora num castelhano arrevesado porque já tinha percebido que eu era Português: no culpe las aerolíneas, la culpa es toda sua! E eu: mas eu até já tenho o visto e tudo (mostrando-lhe o papel que tinha posto de lado)! E ele: ah, bueno, está aqui. E sem pedir desculpas do engano, dele, pôs-se a carimbar impressos e a digitalizar-me os dedos todos de ambas as mãos. No fim, quando já me preparava para seguir para a tormenta seguinte, veio a pergunta da praxe: quando e onde esteve pela última vez nos EUA? Felizmente que me lembrava, pois foi com a minha Teresa numa viagem inesquecível a Nova Iorque e Boston para o Congresso do SCRATCH.
Segunda seca: ver as malas a passar no tapete rolante até finalmente apanhar a minha.
Terceira seca: fila interminável para passar a alfândega e entregar o impresso dos vegetais e dos chouriços. Nem tudo correu mal; desta vez foram com a minha cara e não me vasculharam a mala.
À primeira pessoa fardada que vi, perguntei onde ficavam as companhias de aluguer de automóveis, ao que ela me respondeu: saia do edifício, suba ao 3º piso no elevador, e é aí. Saio do edifício, mas elevador nada. E pergunto a um indivíduo fardado e com ar de entendido onde podia encontrar o rent-a-car. Ao que ele me respondeu: volte para dentro do edifício, junto da parede verde tome o elevador para o 3º piso, e aí apanhe o trem para o terminal de aluguer de automóveis. E eu disse-lhe: mas a sua colega acabou de me dizer que era aqui fora, e não falou em trem nenhum. E ele rispidamente para mim: OK, se quer encontrar as rent-a-car aqui fora esteja à vontade! E virou-me costas. Tudo isto depois de eu ter tentado telefonar para a dita agência, mas sem qualquer sucesso. Bom, o tipo pareceu-me bem mais entendido do que a colega, e lá segui as instruções dele. E finalmente lá cheguei ao local certo, onde me aguardava mais uma fila interminável. A menina atendeu-me muito bem, e lá fui eu para o meu carrinho económico. Aguardava-me um Suzuki todo moderno e novinho, com espaço para uma família. O problema é que era todo cheio de modernices e automatismos, para os quais é necessário um manual de instruções! Ao fim de 15 minutos de volta dos comandos principais, lá percebi a lógica da coisa e aí vou eu para as estradas americanas. Nisto dei comigo a pensar: todas as pessoas, sem excepção, que me atenderam ou a quem me dirigi para pedir informações, eram hispânicas!
Lá dei com o hotel, não havia lugar para estacionar à porta, andei mais 50 m e encontrei um pequeno parque, onde estacionei. Chego ao hotel, procuro a recepção ... mas nada! Dei voltas e voltas, mas nada de recepção. Vejo um casal e pergunto onde é a recepção. Resposta: isto não tem recepção, ali do lado de fora tem um intercomunicador, marca 000 e fala com o senhor que atender. E assim foi, lá falei com o senhor, que mais parecia um surfista do que um recepcionista, e que me cobrou a estadia e me confidenciou que em tempos idos tinha namorado uma Açoriana! Pousei tudo no quarto e reparei que me tinha esquecido do poster para o congresso em São Francisco na Califórnia. Voltei ao carro ... mas o lindo Suzuki branco já lá não estava!!! Como não sou dado a pânicos e penso positivo, pensei porque razão alguém me teria levado o carro. Será que estou mal estacionado? Voltei à rua e não vi tabuleta nehuma de estacionamento proibido. E volto para dentro do parque à procura de algum sinal ... e lá estava, escondido no meio das palmas de uma pequena palmeira. E até dizia o número do telefone da empresa de reboques! Voltei ao hotel para pedir ajuda ao "intercomunicador", ao que me respondeu que não estava disponível, mas que pedisse ajuda no café em frente. Este era na realidade um hotel, com recepcionista propriamente dito, que foi de grande simpatia e telefonou para os ditos reboques que confirmaram terem lá o meu carrinho. Apanhei um táxi, conduzido por um russo, para variar, e lá foram os primeiros 10 $US dos 200 que tinha acabado de levantar, pois disseram-me que teria de pagar cerca de 130 para levantar o carro. Chegados aos reboques, tentei explicar à senhora que era um turista, que não tinha lugar em frente do hotel para largar as bagagens, e que a tabuleta estava virada de costas para a entrada do parque e escondida entre as folhas das palmeiras. Ela virou-se para mim, e sem pestanejar sentenciou: são 210 $US, sem apelo nem agravo. E disse eu: mas eu nem sequer tenho esse dinheiro comigo, posso pagar com cartão? E ela: não, não pode, tem ali uma ATM e vá levantar dinheiro. O resto da odisseia continua a seguir à foto da tabuleta.
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2 comentários:
Olá Fernando!
A sua crónica é absolutamente deliciosa, fotos e peripécias incluídas.
Bom resto de estadia!
Um abraço,
Eduardo
Que belas fotos, espero que, em algum momento de fazer uma viagem como a única coisa é que eu estou tentando encontrar um destino diferente, porque eu estive lá, eu acho que tem que reserve seu hotel para os melhores destinos
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