30.11.08

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Uma questão de sobrevivência


Quem poderia imaginar ver um dia cegonhas a nidificar num ambiente tão (aparentemente) hostil?! Pois elas aí estão a povoar as falésias da Costa Alentejana (Costa Vicentina), onde os ventos são quase constantes e frequentemente fortes. Mas a vista das suas "casas" é soberba ...
(Foto de F. Ornelas, 05.2008)



Também não me importava de viver num sítio assim! Consigo imaginar o que seria o meu acordar de todos os dias ...
(Foto de F. Ornelas, 05.2008)



Mas não há bela sem senão! As falésias estão cheias de predadores ... neste caso uma gaivota escondida por baixo dos ninhos à espera da primeira oportunidade para roubar um ovo ou uma cria mais fraca.

(Foto de F. Ornelas, 05.2008)



... noutros casos o falcão peregrino. Este deixou-me aproximar porque estava de guarda ao seu ninho e à sua cria. Também eles têm predador, o pior de todos, o homem ... que os caça "por prazer" e "por desporto"! Que noção bestial de prazer por parte daquele que é, supostamente, não besta ...

(Foto de F. Ornelas, 05.2008)

Sorte ou competência? Esta cegonha parece ter sido muito bem sucedida ao conseguir criar dois pintos numa ninhada.

(Foto de F. Ornelas, 05.2008)


Azar ou incompetência? Seja lá o que for, há que recomeçar. O instinto de sobrevivência comanda-lhes a vida.

(Foto de F. Ornelas, 05.2008)



Mais vale um pássaro na mão (oops, no ninho) ...


(Foto de F. Ornelas, 05.2008)



Nestas deambulações pela Costa Vicentina no meu trabalho regular de Geólogo, muitas vezes paro para contemplar a magnífica paisagem da costa Alentejana. A contemplação tem o poder de excitar e libertar a mente. O preconceito desvanece-se e o raciocínio torna-se mais claro e mais criativo. E assim começa a minha actividade de investigador.

Estas imagens de cegonhas sobreviventes e de predadores, também me suscitaram algumas reflexões sobre princípios básicos de vida, que eu adopto para mim: o carácter tempera-se na adversidade, o que não nos mata só nos fortalece.

Mas também me suscitam reflexões menos abonatórias sobre o comportamento humano. Com as imagens tentei ilustar o significado de "survival of the fittest". Para se cumprir este desígnio é necessário manter um forte sentido de sobrevivência que a espécie humana está a perder. A espécie dita inteligente está a comportar-se de forma irracional, e arrisca-se a ser a primeira espécie da história da evolução biológica da Terra a determinar a sua própria extinção. Estranha noção esta de selecção natural em que uma espécie destrói o seu próprio habitat.
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3 comentários:

Anabela Magalhães disse...

Subscrevo por inteiro o teu texto. Quanto às fotografias estão simplesmente soberbas!

Anónimo disse...

Belo post, Fernando!
É uma crónica de aquém que fica muito bem na Crónica de Além! Que entenda quem puder...
Abraço amigo,
Eduardo

Anónimo disse...

Um belo documentário fotográfico.
Vou continuar a acompanhar estas viagens.
Filomena